Videogames como Interfaces
Certa vez, falando sobre "submenus voadores" em sua palestra sobre Webstandards, o amigo Frederick Van Amstel disse que quando esse tipo de interface é mal planejada, fica parecendo um jogo, tamanha a dificuldade de se navegar pelo site.
Na área da usabilidade, que é a especialidade de Amstel, facilitar a vida do usuário é sempre a meta, e eu concordo com ele. Mas o que aconteceria se quiséssemos intencionalmente projetar interfaces na forma de videogames? E se a interface for propositalmente um jogo para desafiar o usuário?
Existem exemplos interessantes que seguem esse tipo de pensamento, e não só na área de produção de sites. É o caso do trabalho de Dennis Chao, que usa o jogo Doom como metáfora para a administração de sistemas em Linux.
Depois que a ID Software liberou o código original do jogo, Chao criou uma adaptação dele para gerenciar tarefas em uma rede, então o comando "kill", que funciona como metáfora para destruir um processo em andamento, torna-se óbvio visualmente para o administrador do sistema. Vale a pena conferir o artigo completo, que contém explicações muito mais detalhadas.
Outro exemplo de jogo como interface é o site do designer de
games e pesquisador Steffen P. Walz, onde todo o menu foi transformado em 4 jogos simples, e é possivel acessar cada área do site de diversas maneiras diferentes: atirando, clicando, ou rebatendo uma bola na seção correspondente.
Ele brinca chamando o conceito browse-by-playing de "navigame" ou "playvigate", e seu site é cheio de artigos e projetos interessantes sobre pesquisa em games.
O portfólio do ilustrador Chris Melby também é uma ótima experiência, o menu principal foi representado por um jogo espacial, onde o visitante controla uma nave, e em um dos menus secundários controlamos um personagem andando no cenário.
Porém os mestres nesse tipo de experiência online são os tchecos da Amanita Design. No site The Quest For The Rest, da banda The Pholiphonic Spree, temos um ótimo exemplo de como transformar experiências tão profundas como o clássico Samorost em um site comercial. (veja tamém Samorost 2).
Enfim, o videogame como interface, ou navigame (que é uma ótima palavra que passarei a adotar de hoje em diante), é um híbrido entre duas áreas que me interessam bastante, os videogames e a arquitetura da informação, e pode ser um excelente meio de tornar interfaces mais acessíveis (como no caso da experiência de Dennis Chao com Doom, que é sem dúvida menos assustador do que uma tela preta esperando linhas de código) ou simplesmente torná-las mais intensas e interativas para o usuário.
Se você conhece algum outro exemplo de navigame, por favor compartilhe nos comentários.
3 comentários:
O Orkut às vezes me parece um game (RPG) onde o objetivo é fazer média com o máximo possível de pessoas possível. Os pontos são os fãs, gelinhos, coraçõezinhos e etc.
O game só é game se a pessoa aceitar o desafio. Se estiver com pressa e acessar um dos sites que usam navigame em busca de um telefone, por exemplo, posso não ter tempo para aceitar o desafio e o game se transforma num obstáculo desagradável.
Taí, mais idéia: inserir um mini Sims (ou Second Life, se preferir) dentro do Orkut hehe!
Hum, parabéns pelo texto! Na linha do games como interfaces, vi algo parecido no site da Jynx Playware (www.jynx.com.br), onde você pode navegar pelo site como se fosse um joguinho.
Muito bom levantar essa bola aí.. Abraços =).
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